Audiência pública liderada por Tyago Hoffmann busca criar a Política Estadual de incentivo para Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação
Na manhã desta sexta-feira (26), o Plenário Dirceu Cardoso, da Assembleia Legislativa, ficou lotado com a presença da sociedade civil e autoridades que vieram prestigiar a sessão especial para discutir a criação da Política Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento de Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação, proposta pelo deputado estadual Tyago Hoffmann (PSB).
O projeto de lei que institui a implementação da Política Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento de Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação, de autoria do deputado estadual Tyago Hoffmann, visa oferecer suporte adequado para a inclusão dos superdotados na sociedade e no ambiente educacional, reconhecendo suas necessidades específicas, proporcionando um método de ensino compatível com as suas habilidades e garantindo seus direitos.
“Quero agradecer a presença de todos e todas que estão aqui, principalmente os pais e mães de crianças com altas habilidades, para termos a oportunidade de fazer esse debate, cujo objetivo final é pensarmos em políticas públicas específicas para que possam desenvolver suas habilidades e, assim, contribuir para uma sociedade melhor”, pontuou o Deputado.
Na justificativa do projeto, Tyago Hoffmann explica que, por se sentirem diferentes dos demais e, consequentemente, não pertencentes a um determinado grupo majoritário, muitas dessas pessoas tornam-se pessoas adoecidas, com transtornos, depressão e até mesmo pensamentos suicidas, além de se tornarem alvos de bullying.
A Drª em educação de Superdotados, Olzeni Ribeiro, explica que no censo escolar do Brasil existem apenas cerca de 30 mil superdotados identificados, o que contrasta muito dos 6 milhões estimados na sociedade. A Drª. explica que a falta de reconhecimento e identificação dessas pessoas pode causar um estado de sofrimento profundo, inclusive, engrossando as estatísticas de suicídio precoce.
“Mais do que preparar e levar conhecimento para esses profissionais, nós precisamos levar conhecimento correto e adequado. Os programas de formação do Brasil precisam se atualizar e olhar para o superdotado e não apenas querer ver o que ele faz de melhor, o seu talento. A gente precisa entender como eles funcionam por dentro, quais são essas lutas invisíveis que, se apoiadas, compreendidas e reconhecidas no sistema educacional, esse aluno vai sair da universidade super preparado para mudar o mundo, o país”, explica Olzeni.
O vencedor da primeira edição do quadro Pequenos Gênios, Igor Pinheiro, reconhece, enquanto ex-aluno de escola pública, que muitos profissionais não estão preparados para lidar com a habilidade específica, mas acredita que o projeto de lei pode melhorar a vida das pessoas com altas habilidades e superdotação, oferecendo suporte e espaço para essas pessoas.
Atualmente, Igor é bolsista integral na escola Monteiro Lobato, de abordagem construtivista, e também é membro do Instituto Ponte, e afirma que ambos lhe oferecem o apoio necessário. O estudante deixou uma mensagem para todos que conhecem alguém com altas habilidades: “dê apoio e espaço de fala para essas pessoas, porque não é fácil”.
“Hoje em dia eu estou muito feliz e motivado, e sinto que estou conseguindo conciliar melhor os estudos. Já passei por uma fase onde eu não gostava de estudar porque simplesmente não me interessava pelo conteúdo ou achava muito atrasado. Além disso, tenho feito outros projetos fora da escola para tentar conciliar tudo isso”, explica Igor Pinheiro.
A mãe de Igor e representante do grupo de mães AHSD, Veruska Pinheiro, agradeceu Tyago Hoffmann pelo apoio a causa e disse que a sessão especial é um momento histórico, marcado por mais um passo importantíssimo para os alunos e pessoas com altas habilidades.
Veruska faz um alerta para que os alunos superdotados e com altas habilidades sejam respeitados em suas individualidades. Além disso, pede para que as pessoas parem de romantizá-los, e parem de pensar que esses indivíduos têm um futuro garantido e que não precisam de acolhimento, investimento e políticas públicas.
Veruska relembrou um momento infeliz onde uma profissional a orientou a tirar o seu filho, na época com sete anos de idade, de uma determinada escola, onde Igor permaneceu por dois anos, pois poderia ter problemas irreversíveis.
“A professora não compreendia a intensidade do Igor, a metodologia de aprendizagem não compreendia ele como um todo, ou seja, havia uma “militarização de corpos”. Existia uma tentativa de fazer uma pessoa caber onde não lhe cabe, de forçar a barra, e a escola é o espaço que a gente espera que nossos filhos sejam respeitados em suas individualidades”, explicou.
Tyago Hoffmann encerrou a sessão fazendo um agradecimento à sua equipe e a todos que estiveram presentes. Além disso, pediu à SINEPE, na pessoa do Dr. Bruno Loyola, que essas políticas públicas se estendam à educação especial das escolas particulares.
“Foi, com certeza, uma sessão, além de emocionante, muito rica e repleta de aprendizados. Quero dizer que a sessão de hoje é só um passo. Meu papel aqui é dar visibilidade a todos vocês, propor ações e acompanhar e fiscalizar para que essas ações aconteçam de fato”, finalizou.
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