Da rua para a sala de atividades: a arte do grafite no Projovem

Da rua para a sala de atividades: a arte do grafite no Projovem
Oficina de grafite no Projovem

A equipe técnica do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) Projovem Continental está utilizando o grafite, uma manifestação artística pública, que mistura cores, formatos e temas , como aliado no trabalho de integração, inclusão e expressão de ideias e sentimentos dos adolescentes usuários do serviço.

Nesta terça-feira (11), o grupo de adolescentes teve o primeiro contato com as latinhas de spray na oficina “Grafitti” história e prática. Na quinta-feira (13), a partir das 14h30, os adolescentes vão pintar e colorir o painel que vai ser desenhado na sala de grupo do Projovem, transformando a parede “branca” numa grande arte urbana.

Para as adolescentes Pamela Martins e Dafne Ynara, a sensação de liberdade sobressaiu sobre todos os outros sentimentos, enquanto desenhavam em uma das paredes da sala do Projovem, onde estava acontecendo a oficina de grafite com o artista plástico Handerson Chic. Handerson é um dos artistas que assina o monumento em homenagem à Araceli e é famoso pelos desenhos inspirados em casas coloridas.

Dafne contou que foi a primeira vez que fez um grafite e estava achando muito legal. Enquanto Pâmela já é adepta a arte. “Já fiz muito. É muito legal. Me transmite algo bom. É libertador. Com o grafite expresso meus sentimentos e deixo minha marca”, disse ela.

Ao ser perguntada qual marca estava deixando para o mundo, a adolescente falou: “Fofa. Eu assino como “Pandinha”, porque amo os Pandas. Eles parecem brutos, selvagens, mas eles são fofos, doces. Eu sou assim. Eu sou uma “Pandinha. Com o grafite demonstro meus sentimentos e digo que está tudo bem”.

O adolescente Gabriel Contão Berger, de 16 anos, comentou que ouvir o artista plástico Handerson Chic contar a história do grafite e, vê-lo fazer os primeiros traços, foi muito impactante. “Achei muito massa. É bom ver a habilidade que ele tem para tocar nos sentimentos de outras pessoas”, destacou.

Já a adolescente Samara Ferreira de Almeida Amor Divino, de 15 anos, admitiu que antes de ouvir o artista plástico tinha uma imagem distorcida do que era o grafite. “Nunca imaginei que iriam mudar minha visão. Acho que eu e muita gente considerava o grafite como um ato de pichar a cidade ou um monte de rabisco proibido. Mas, agora, entendi que é uma forma de expressão dentro das artes visuais, da arte urbana”, comentou a adolescente, demonstrando orgulho do conhecimento.

Incentivo

A assessora técnica do Projovem, Katiucia Santana Azevedo, contou que a proposta da oficina é incentivar a convivência entre os adolescentes e, também, o fortalecimento dos vínculos com a comunidade. “Por meio do grafite, nossos adolescentes podem dialogar com a cidade, expressar ideias, sentimentos e pensamentos, um ganho para todos”, disse acreditar a técnica.

Katiucia ressaltou que, ainda, mais importante em poder contar com a presença de Handerson Chic como oficineiro é a oportunidade desses adolescentes conhecerem sobre a história de vida do artista e da arte que experimentaram.

Sobre isso, o próprio artista Handerson faz questão de relatar. “Tive meu primeiro contato com o grafite há 14 anos atrás. Na época era adolescente e participava de atividades no Centro de Referência da Juventude (CRJ). De lá pra cá fui articulador e educador social nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Itararé, Santa Martha, Consolação e Maruípe”, contou.

Ao ser perguntado como se sentia estando ali com aquele grupo de adolescentes, Handerson ficou emotivo: “Passar meu conhecimento para essa garotada é muito emocionante. Estar aqui é lembrar de onde comecei. Vejo nessa garotada o que já fui. Hoje, vivo exclusivamente da minha arte”, disse o artista plástico.

Para a secretária de Assistência Social da capital, Cintya Schulz, proporcionar aos adolescentes momentos de aprendizagem, desenvolvimento de potencialidades e, principalmente, a possibilidades de discussões que podem contribuir para que os adolescentes se percebam como sujeitos ativos de sua própria história e de suas comunidades tão potentes é cumprir o papel do Sistema Único de Assistência Social (Suas).

Fonte: PMV